"Esta edição da Revista fecha num momento em que as nuvens que se acumularam sobre a União Europeia e, em particular, sobre a Grécia, Irlanda e Portugal, não param de se adensar, em larga medida por efeito da inacção dos dirigentes europeus e das suas declarações contraditórias que não param de incendiar os mercados.
A evolução da Grécia torna evidente a impossibilidade de resolver a situação destes países apenas pela aplicação de programas de austeridade, desenhados pelo Fundo Monetário Internacional, a Comissão e o Banco Central Europeu, que não parecem, sequer, assegurar a sustentabilidade das finanças públicas e, ainda menos, a possibilidade de crescimento económico desses países.
A descida do rating de Portugal pela agência Moodys originou um inesperado consenso em Portugal quanto aos malefícios destas agências que, alguns meses atrás, foram objecto de uma participação crime por parte de um grupo de economistas, com relevo para José Reis e Manuela Silva.
A decisão de descida do rating da República, a que se seguiu idêntica medida quanto aos mais importantes bancos portugueses, reflecte, acima de tudo, a descrença das agências nas virtualidades e potencialidades dos programas impostos aos países em maiores dificuldades."
Eduardo Paz Ferreira
Director da Revista de Finanças Públicas e Direito Fiscal