"O ano de 2012 vai terminar num ambiente de profunda depressão e de cada vez mais evidente insatisfação social. As previsões económicas para 2013, provavelmente ainda assim optimistas, a julgar por anteriores experiências, não são de forma a alimentar qualquer optimismo, enquanto que as medidas anunciadas para o Orçamento de 2013 asseguram que os portugueses terão cada vez menos rendimento disponível e poderão esperar cada vez menos do Estado.
Também de fora não vêm notícias capazes de proporcionar perspectivas mais optimistas. Muito pelo contrário, o afundamento da Grécia, confrontada com a tibieza e ensimesmamento dos dirigentes europeus, o agravamento da crise espanhola, bem como a disputa em torno do Orçamento europeu – verdadeiro barómetro dos egoísmos nacionais e da falência de qualquer projecto de solidariedade – parecem atestar a incapacidade de regeneração da União Europeia, fazendo que se tenham de admitir hipótese de evolução há pouco ainda impensáveis."
Eduardo Paz Ferreira
Diretor da Revista de Finanças Públicas e Direito Fiscal