"A persistência de uma elevada dívida pública ou até o seu aumento (e, aliás, também de divida privada), mesmo após os anos de política de austeridade é um dos resultados mais negativos de uma política que sacrificou os portugueses em nome de um equilíbrio financeiro que está longe de ser alcançado, ao contrário das previsões e pressupostos em que assentou o Memorando de entendimento com a Troika.
A resolução do problema da dívida, comum a muitos países da zona euro, exigirá seguramente uma intervenção concertada no quadro europeu, como tem sido defendido em documentos extremamente lúcidos de Stuart Holland, Charles Wyploz ou até do Conselho de Sábios Alemães. Até Hans Werner Sinn, um dos falcões da política económica alemã já aceitou, de resto, este princípio.
Ainda assim, não se vêem sinais de que se possa inverter o caminho da recusa em enfrentar este problema que condiciona de forma dramáticas as hipóteses de desenvolvimento e de resolução dos problemas do desemprego e da desprotecção social."
Eduardo Paz Ferreira
Diretor da Revista de Finanças Públicas e Direito Fiscal